Não há como deixar de esquecer uma parte do fantástico filme “O Carteiro e o Poeta” quando Neruda interpela o carteiro que usa um de seus poemas para seduzir uma mulher dizendo que ele não deveria usar já que não era dele, este (carteiro) coloca muito bem que “o poema não de quem o faz, e sim de quem precisa dele” e de minha parte, posso dizer que preciso muito de poesia para viver, ainda mais, neste momento tão especial, que é o “Dia das Mães”. Escolhi bem, pois fui atrás de três grandes poetas: um gaúcho, um mineiro e um paranaense.
Mãe…
São três letras apenas,
As desse nome bendito:
Três letrinhas, nada mais…
E nelas cabe o infinito
E palavra tão pequena
Confessam mesmo os ateus
És do tamanho do céu
E apenas menor do que Deus! (Mario Quintana)
Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
– mistério profundo –
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho. (Carlos Drummond de Andrade)
Minha mãe dizia:
– Ferve, água!
– Frita, ovo!
– Pinga, pia!
E tudo obedecia. (Paulo Leminski)